Há 53 anos, em 28 de junho, centenas de pessoas na cidade de Nova York fizeram um marco na defesa dos Direitos Humanos, tornando visível a diversidade sexual e de gênero por meio de um protesto massivo. Desde então, não apenas nesse dia, mas em todo o mês de junho é comemorado mundialmente o mês do orgulho ou pride month, em termos anglo-saxões.
Comemorações, marchas e diversas atividades são realizadas durante este mês com o objetivo de disseminar informações relevantes e conscientizar a sociedade sobre a diversidade, com base no respeito e na igualdade.
Além disso, muitas leis e sistemas se adaptaram a essas premissas, razão pela qual é cada vez mais comum que empresas e organizações assumam e implementem critérios de diversidade, inclusão e equidade em suas operações.
Mais do que uma celebração para incluir as cores representativas da comunidade LGBTQIA+, trata-se da adoção de normas antidiscriminação, tendência mundial que faz parte de uma gestão moderna.
É claro que o setor jurídico não fica muito atrás no desenvolvimento de políticas de inclusão e diversidade.
Escritórios de advocacia renomados agora contam com comitês de inclusão em suas equipes, dedicados a promover a igualdade de oportunidades no setor no que diz respeito à diversidade sexual e equidade de gênero, e fechar as lacunas de discriminação e exclusão.
A adaptação dos escritórios de advocacia a essas novas realidades faz parte da implementação de critérios de gestão não tradicionais, como o ESG, que foram explicados em artigo anterior.
É cada vez maior o número de empresas que, como parte de suas políticas de contratação de prestadores de serviços, solicitam um mapeamento sistematizado das políticas internas, em que haja comitês de diversidade e inclusão. Pensando nisso, os prestadores de serviços jurídicos optam por se adaptar às demandas do mercado, de modo a cumprir seus objetivos de negócios.
De fato, um relatório de maio de 2020 preparado pela McKinsey & Company descobriu, entre outros dados, que as organizações com equipes de liderança mais diversificadas eram mais propensas a ter receita 25% maior do que as empresas que não tinham. Outro dado importante desse estudo revelou que esse percentual havia aumentado em relação aos resultados obtidos nos anos imediatamente anteriores a esta investigação.
Parece então que os movimentos sociais e culturais impulsionam essas mudanças de paradigma no nível organizacional que fazem com que os mercados evoluam e as prioridades mudem.
Em nosso campo, os avanços nessas questões repercutem no posicionamento e na imagem dos escritórios de advocacia perante seus clientes e stakeholders. Por exemplo, diretórios nacionais* e internacionais incorporaram em seus formulários os percentuais de participação de equipes LGBTQIA+ dentro da empresa.
Além disso, a Chambers and Partners conta com o programa Chambers Diversity & Inclusion, um espaço dedicado à pesquisa e desenvolvimento de ideias, artigos e eventos globais de D&I para a advocacia.
Por sua vez, o Latin Lawyer publicou a Pesquisa de Diversidade da LACCA (Latin American Corporate Counsel Association), que analisa os níveis de diversidade nos departamentos jurídicos corporativos na América Latina, bem como os esforços realizados nessa área.
*Em agosto de 2021, a Análise Editorial lançou a primeira edição do especial Análise Advocacia Diversidade & Inclusão para dar visibilidade as políticas mais adotadas pelos escritórios advocacia empresarial em prol da pluralidade em suas equipes.
Embora ainda haja muito a ser feito em questões de não discriminação e justiça no mundo gerencial, a tendência é clara: o orgulho veio para ficar nos escritórios de advocacia e os os mesmos estão se adaptando com maior consciência do mercado empresarial e de serviços jurídicos às novas composições operacionais.